vem, pequena

vem, pequena
se enrosca em mim.
beija-me
na extensão da redoma de amor que se criou sobre nós

que eu não preciso de muito, sabe?
só abraço apertado
beijo molhado
fazer amor apaixonado
e cafuné

vem, pequena
me olha até decorar minhas marcas
me toca até bordar teus dedos na minha pele
sorri

que o mundo não nos ama, sabe?
mas a gente move tudo
pra ficar juntinhas na cama.

releitura

e eu te releio como livro favorito, minhas pupilas se dilatam com o esplendor do teu sorriso, a vivacidade das tuas páginas já marcadas pelas pontas dos meus dedos. minha pele já conhece a textura do seu cabelo; releio, de novo, a forma de afastá-lo ao pescoço, e o faço delicadamente, pois é o que tua leitura me pede, quase exige. releio teus olhos como epígrafe de tudo o que tens a me desvendar; posso imaginar o que me espera, aliás, e mesmo assim tu me atinges com ar de mistério. é o que amo em você. releio tua cintura como poema, seus dedos delicados que me releem de volta. e tua boca, releio como reviravolta na trama; é o que fizeste com meu estômago. te releio com vontade, com facilidade, com a esperança de me encher de lágrimas, sem mágoas, pronta para rir com suas nuances. releio-te sem dobrar as páginas, sem marcar com papel, decoro os números nos teus cantos para continuar de onde paramos. te releio com apego, com carinho, com saudade, e te espero que nunca coloque-me de volta na estante.