6 de jun. de 2015

radioativa

ela me beijou

os tiros violentamente pipocaram ao nosso redor, perfurando minha pele e rasgando os tecidos musculares e dilacerando meus órgãos à queima-roupa

ela me tocou
e

as granadas explodiram rente aos meus ouvidos, destruindo meus tímpanos, fazendo-os sangrar e voar com as bombas, matando qualquer senso de equilíbrio que poderia existir nessa mente que me guia 

ela me abraçou
e 

os tanques e tratores com suas bazucas colocaram minha casa abaixo, derrubaram meus muros e destroçaram meu teto, minhas paredes, minhas janelas 

ela se afastou

em seus olhos e sorriso torto, eu vi que a guerra intensa, destoante, violenta e sanguinária também a atingia com força, repetidamente
mas 

mesmo que nossos corpos e nossos eus fossem o gerador de toda aquela batalha nuclear 

ela me beijou

de novo