radioativa
ela me beijou
e
os tiros violentamente pipocaram ao nosso redor, perfurando minha pele e rasgando os tecidos musculares e dilacerando meus órgãos à queima-roupa
ela me tocou
e
as granadas explodiram rente aos meus ouvidos, destruindo meus tímpanos, fazendo-os sangrar e voar com as bombas, matando qualquer senso de equilíbrio que poderia existir nessa mente que me guia
ela me abraçou
e
os tanques e tratores com suas bazucas colocaram minha casa abaixo, derrubaram meus muros e destroçaram meu teto, minhas paredes, minhas janelas
ela se afastou
e
em seus olhos e sorriso torto, eu vi que a guerra intensa, destoante, violenta e sanguinária também a atingia com força, repetidamente
mas
mesmo que nossos corpos e nossos eus fossem o gerador de toda aquela batalha nuclear
ela me beijou
de novo