11 de out. de 2014

acredite em mim quando digo que não te prometo nada

Acredito quando tu diz que gostava mesmo de mim, moça, embora a tua visão de mim fosse muito diferente da minha. Sabe, eu percebi que tu nunca me apresentou aos teus amigos, que tu sempre trancava aquela porta de correr no fundo da tua casa. Ai, moça, eu acredito nas tuas palavras de amor sussurradas após o êxtase, acredito nos torpedos que me acordavam no meio da madrugada. Eu via em suas pupilas dilatadas a paixão que tu nutria por mim, mas amor, não pense que não notei tua organização exacerbada de mundo. Geminiana, bem sei, gosta de ver as coisas separadas em pequenas caixas. 
Eu percebi que tu nunca me levava a lugares conhecidos, percebi que você não tinha intenção de me fazer conhecer teus irmãos. Percebi, amor, tua vida toda errada, teus relacionamentos falsos. Tu desassociava todas as partes da sua vida, sendo o único elo entre todas elas, e entre um sonho e outro, me dizia que já não via mais sentido em nada. Ai, moça, você foi boba em acreditar em mim como a coisa mais estável e prazerosa da tua vida. De tão imaculada minha imagem, separou-me do que havia de ruim em ti e nos que te cercavam; e de todos os outros, amor, esse foi seu maior erro. A gente poderia até se completar, mas, ao contrário do que você esperava de mim, eu não sou perfeita. Choro, chuto, fico puta, canso. Às vezes quebro corações.